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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 201 - 300 (1850 - 1855)
    • 262 - ao Sr. e à Sra. Taillandier
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262 - ao Sr. e à Sra. Taillandier

O Sr. Le Prevost está muito ocupado pelas Obras. Sua emoção por ocasião de uma primeira comunhão. A compra da casa de Nazareth está na iminência de se concluir. Espera das relíquias de um jovem mártir. Seu filho, o Sr. padre Taillandier, deveria poupar-se.

 

Vaugirard, 21 de junho de 1854

 

            Caro Senhor e excelente amigo,

 

            Cara Senhora e amiga,

 

            Onde estão agora, para onde esta carta os seguirá? Não sei, perdi agora o rastro de seus passos e, sem a ajuda do nosso bom padre195, não saberia onde reencontrá-los. Receio que, apesar de toda a sua caridade e de toda a sua grande indulgência, vocês vejam dificilmente uma desculpa para meu longo silêncio. Todavia, tenho uma bem real, é a incapacidade absoluta em que me sentia de lhes escrever. Pensava nisso constantemente, o desejava, fazia disso para mim um descanso e uma consolação, mas os incidentes de cada dia são tão multiplicados, os momentos tão picadinhos que um pouco de espaço para respirar e expandir-me com vocês não se podia achar; essa insuficiência levada a tal ponto é, asseguro-lhes, um grande sofrimento que é  preciso unir à cruz do Salvador; ela humilha, contrista, deixa em inquietação sobre si mesmo e pode fazer também duvidarem os outros de nossa boa vontade; tal era minha situação durante toda esta estação e tal ela está ainda na maior parte do tempo; minha fraqueza é totalmente inferior à minha tarefa e curvo-me miseravelmente sob o fardo. Ouso, portanto, pedir-lhes, bons e generosos amigos, que me tratem com condescendência e caridade, que tenham compaixão de minha impotência, e sobretudo que não duvidem de meus sentimentos de profunda afeição, de terna gratidão, de íntima e constante união com vocês em Deus. Pelo menos, não tenho que me censurar por tê-los esquecido diante dEle; cada dia, e nas ocasiões importantes sobretudo, associo ambos às nossas orações e a todo o movimento de nossa vida.

 

            Ultimamente, tínhamos a primeira comunhão de nossas crianças: 50  dentre elas vinham pela primeira vez à santa mesa ou renovavam sua comunhão; cheios de fervor, preparados por um retiro de arrebatar, eram como  anjos; nenhum nos deixava inquietação e parecia em disposição duvidosa: era um espetáculo comovedor, cheio de doçura e de consolação; mas nossa alegria superabundante teria gostado de se derramar em corações amigos; por isso, quantas vezes vagamente e sem me dar muito conta disso, tenho procurado ao meu redor os bons, os fiéis amigos que estavam ausentes. Digne-se o Senhor trazê-los logo de volta; por nos ter tão cordialmente unido, Ele não quer, sem dúvida, que estejamos demasiado tempo separados.

 

            Nossos negócios também parecem não poder andar sem seus conselhos e simpatias benevolentes; a aquisição do Montparnasse196, sempre no momento de se concluir, experimenta lentidões sem fim; rezem muito, conjuro-os, caríssimo Senhor e caríssima Senhora, a fim de que tudo isso se resolva segundo a santíssima vontade de Deus; creio que Ele não deixa esses acordos no ponto morto senão para nos dar mais tempo a fim de consagrar a obra pela oração, a paciência e a submissão; as coisas parecem, todavia, prestes a se concluir. Poderemos, espero, fazer algum bem desse lado, mas nossa tarefa aumentará na mesma proporção; a ajuda do Senhor crescerá na proporção das necessidades, essa é a nossa certeza e nossa consolação.

 

            A lentidão que tive em aproveitar das aberturas que vocês nos tinham bondosamente proporcionado para obter as relíquias de um jovem mártir com indulgências deve parecer-lhes inexplicável; ela é devida, como os atrasos de minha correspondência, à impossibilidade em que me encontrei de satisfazer a todas as obrigações de minha posição; ela servirá também a fazê-los escusar minha aparente negligência, já que sabem quanto preço daria a um tal tesouro,  assim como às indulgências de que seríamos gratificado. Espero, no entanto, que aquilo que foi adiado não será perdido; mandei pedir ao Arcebispado uma fórmula para a súplica ao Santo Padre; farei meu requerimento a tempo, se posso, para que Monsenhor de Ségur, que está sendo esperado em breve, possa nos trazer nosso querido santo, se ele nos fosse concedido.

     Vi nosso excelente padre que de passagem desde algum tempo; ele não respondeu ao desejo que lhe havíamos testemunhado em várias ocasiões de vê-lo alguns instantes entre nós, seu ministério é muito exigente; ele me parece um pouco cansado, mas ele não escuta facilmente, vocês sabem, os conselhos que tendem a procurar-lhe um pouco de descanso e de cuidados de sua saúde; vocês serão mais convincentes, espero; ele não passaria impunemente o verão sem um pouco de repouso, e, no interesse mesmo do bem que o Senhor faz através dele, parece totalmente sábio que ele possa descansar um pouco. Nosso Senhor dizia: “Minha comida é fazer a vontade de meu Pai197.” Nosso bom padre diz também: “Meu descanso, é salvar as almas”. Creio que Deus abençoa muito seu ministério; ouço todos dizer que ele é querido e justamente apreciado. Se é verdade, como ele diz em sua humildade, que eu tenha concorrido por pouco que seja para esclarecê-lo sobre sua vocação, faço disso para mim uma esperança de salvação; o Soberano Juiz, por causa desse excelente servo, será menos severo em suas sentenças e me fará misericórdia. Espero também, caro Senhor, cara Senhora, que ele será a bênção de toda a sua casa, que, por suas preces e seus méritos, os anseios tão cristãos de vocês serão cumpridos e que um dia, cercados por seus queridos filhos, vocês não acharão em todos senão um só coração e uma só alma, um coração cheio como o seu de uma terna caridade, uma alma aspirando aos verdadeiros bens, às santas alegrias da eternidade.

 

            Uno-me ternamente a vocês nos Corações sagrados de Jesus e de Maria e sou para sempre

            Seu humilde servo e devotado amigo

 

                                               Le Prevost

 





195 Seu filho, o padre Henri Taillandier.



196 Cf. carta 257. O contrato definitivo será assinado no dia 26 de setembro. O Sr. LP. fará da casa de Nazareth o tipo mesmo da “Maison d’Oeuvres”.



197 Cf. Jo 4, 34.





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