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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 201 - 300 (1850 - 1855)
    • 266 - ao Sr. Paillé
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266 - ao Sr. Paillé 

Qualidades que o Sr. Le Prevost espera nos candidatos à vida religiosa. Dedicação sem reserva e renúncia total: “aqueles são dos nossos: os corações generosos, os homens do absoluto, do verdadeiro e puro amor... impressão penosa que me faz uma meia-vontade, uma meia-dedicação”.

 

Vaugirard, 27 de agosto de 1854

            Meu caro filho em N.S.,

 

            Todos os nossos irmãos se mostraram muito sensíveis à sua boa lembrança e, particularmente, os Luiz da Comunidade. Você também não foi esquecido; nossos amigos pensaram em você e rezaram de todo o seu coração ao grande São Luís por você; ele nos terá ouvido, sem dúvida, e obterá por aqueles que lhe pertencem e por nós todos também alguma parte dessa grandeza de alma, dessa coragem, dessa firmeza generosa de que devem ser animados todos os servos de Deus, ao menos em certo grau, para andarem no seu seguimento. O bom Mestre concede essa grande graça aos que a imploram, sejam eles pouco dispostos a isso naturalmente. O jovem rico de que fala o Evangelho achou bem rude, em primeiro lugar, o conselho da renúncia e se retirou entristecido; mas a tradição assegura que ele voltou depois e se fez generosamente o discípulo do Salvador; ela não diz que ele tinha rezado e que a graça o fortaleceu. É porque ela só fala às almas cristãs já esclarecidas, às quais não é preciso tudo explicar. Rezemos, então, bastante, caro amigo, que por nossas humildes instâncias chegaremos gradativamente a essa viva fé, a essa firme confiança, a esse amor generoso que faz os santos. Até lá, aspiramos à vida, mas ela ainda não está plenamente em nós, nossos pés se apegam demais à terra, nossos olhares ainda buscam demais as coisas terrenas, a renúncia ainda não está bastante completa, nem a nós mesmos, nem ao mundo. Chamemos o sopro divino que quebrará nossos vínculos e nos empurrará totalmente para Deus. Não posso ver as coisas de outro jeito para mim, não posso desejá-las diferentes para nós, não posso conceber nossa obra com outro espírito. No meu pensamento, são nossos todos aqueles que, em quaisquer condições, no mundo ou fora dele, dão tudo a Deus pelo coração, que obstáculos podem reter, mas cuja vontade não tem reserva. São os corações generosos, os homens do absoluto, do verdadeiro e puro amor. Esses se entendem pelo coração e se correspondem; formam o corpo de elite e a milícia escolhida. Eles são, numa palavra, os verdadeiros, os fiéis amigos de Deus. Este os encontrará na provação, de corpo e alma, totalmente seus. É para este verdadeiro e sincero amor que devemos nos dirigir, caro amigo, e se encontrarmos algum obstáculo entre Deus e nós, sem hesitar devemos destruí-lo. Esse é o espírito de nossa obra, tenho a doce confiança disso. É o que nos sustentou e, não obstante nossa indignidade, talvez nos tenha propiciado as misericordiosas bondades do nosso Deus. Fiquemos firmes, caríssimo amigo, nesse caminho que nos traçou nosso Mestre e que o grande São Luís, após Ele, seguiu. Estou dizendo-lhe agora, não sei por quê, minha meditação todinha sobre a festa de São Luís; ela se encontrou na ponta de minha pena e espalhou-se, sem que tenha pensado nisso. Não será um mal se  nos edificar a ambos.

 

            Não estou longe, caro filho, de ir junto a você por alguns dias e de ir tomar uma meia dúzia de banhos. Acho que não me seria impossível partir sábado e fazer assim uma curta ausência; mas quero, antes de partir, receber uma carta sua, que me assegure que o encontrarei bem disposto, animado desse espírito de verdadeira dedicação que eu indicava há pouco, verdadeiro servo de Deus pelo desejo ao menos e pelo impulso do coração; fraco às vezes de corpo, fraco também às vezes de espírito, mas pelo menos salvo pelo coração, resolvido a não resistir à graça e a escutar a Deus quando Ele fala; agradecido pelo imenso favor que Ele lhe fez por sua vocação e resolvido a guardar intato esse precioso tesouro. Diga-me isso logo numa carta, caro filho, e esforçar-me-ei por ir juntar-me a você. De outra forma, não saberia dissimular a impressão penosa que me causa uma meia-vontade, uma meia-dedicação. Esses movimentos, embora momentâneos em você e felizmente logo substituídos por melhores disposições, causam-me sempre um doloroso aperto de coração, que não posso controlar inteiramente. Prefiro então abandoná-lo à graça interior e rezar por você, ao invés de falar-lhe, provavelmente por medo de estragar a obra de Deus, interferindo nela. Assim, caro filho, disse-lhe o meu pensamento; escreva-me e irei encontrá-lo; senão, rezarei aqui com nossos irmãos que o amam como eu, ternamente, e que sabem todo o bem que você pode fazer se quiser ficar fiel às graças do Senhor.

 

            Adeus, caro filho. Na  esperança de encontrá-lo logo, não lhe falo dos poucos pormenores de nossa casa que podem lhe interessar. Todos vão bem, todos o abraçam, e eu sobretudo o amo no Coração do Senhor.

 

            Seu amigo e Pai em Jesus Cristo

 

                                               Le Prevost

 




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