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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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284.1206 - a Dom AngebaultEstado da Comunidade e das Obras. O ano 1854, ano da mudança para Vaugirard. Muitos encargos difíceis de serem controlados.
Vaugirard 15 de janeiro de 1855
Monsenhor,
O primeiro mês do ano já está meio passado e seus filhos de Paris ainda não vieram oferecer-lhe suas homenagens e seus votos. De onde vem, portanto, tanto atraso? Esqueceram, então, suas bondades paternas, suas preciosas direções, a terna gratidão que lhe devotaram? Oh não! Monsenhor, tudo isso ainda está vivo no fundo de seus corações e nunca se apagará; só que estão fracos e ainda bem pouco experimentados no caminho santo em que o Senhor dignou-se de fazê-los entrar sob seus auspícios, e as menores tarefas são para eles um pesado fardo. Ficam, portanto, curvados sob a carga e gemem incessantemente por sua insuficiência. Tenha a bondade de perdoar-lhes, Monsenhor, e tenha a certeza absoluta de que, não obstante sua aparente negligência, nunca foram repletos para com Sua Grandeza de maior veneração e gratidão, de que nunca fizeram em seu favor e em favor de seu povo votos mais ardentes, de que nunca, enfim, desejaram mais vivamente a felicidade de vê-lo, de ouvir suas doces e afetuosas exortações, de receber sua paterna bênção. Possa o Senhor atendê-los, dar êxito a seus santos empreendimentos e conservá-lo durante muitos e longos anos como objeto do amor de seu rebanho. Possa também, em sua bondade, proporcionar alguma ocasião favorável que o traga novamente entre nós e nos dê a alegria de cercá-lo de nossas solicitudes respeitosas e sempre devotadas.
Desde que tivemos a felicidade de vê-lo, Monsenhor, tivemos algumas passagens bastante difíceis de transpor. Em fevereiro do ano passado, tivemos que transportar nossa casa de órfãos e a sede principal de nossa pequena Comunidade para Vaugirard, sobre um terreno adquirido por nós e em prédios construídos quase inteiramente por nossos cuidados. O rebanho de nossas crianças é de mais de 100, não era uma tarefa sem dificuldade instalá-los convenientemente em sua nova morada, com todo o pessoal dos que as dirigem, as ensinam, e as vigiam de noite e de dia. A divina bondade do Senhor providenciou a tudo; estamos estabelecidos de maneira suportável, por enquanto, e em condições perfeitas para o futuro.
De outro lado, temos sempre nossa pequena casa de Grenelle; o estabelecimento caridoso da rua do Regard em Paris; um outro que está se construindo no local destinado primitivamente aos Capuchinhos, enfim um também que se funda definitivamente em Amiens.
Sua Grandeza verá por essa enumeração sumária como estamos sobrecarregados por tantas obras ao mesmo tempo, com uma pequena família que tem somente 20 membros, eclesiásticos, leigos e irmãos de trabalho incluídos. Nos temos repetido, porém, muitas vezes seus sábios avisos, Monsenhor, sobre os inconvenientes dos encargos por demais multiplicados, mas estamos cedendo a necessidades imperiosas e que não depende de nós controlar. Esperamos que o bom Mestre, ao qual cremos obedecer, continuará a nos amparar e a prestar à nossa fraqueza seu todo-poderoso apoio.
No meio de nossos trabalhos um pouco duros, de nossa pobreza aumentada pela penúria do ano207, permanecemos todos firmemente apegados ao nosso pequeno instituto, ternamente unidos entre nós e dedicados sem restrição às nossas obras. Nenhum fraqueja e fica para trás, todos caminham juntos orando, trabalhando e bendizendo a Deus. Não é ele, com efeito, muito misericordioso para conosco, e não tirou de nossa nulidade muito mais do que deveríamos ter esperado? Tenha bastante bondade, Monsenhor, para agradecer-lhe por isso conosco e para pedir-lhe a continuação de suas ternas e generosas benevolências.
Contamos entre seus mais preciosos favores a proteção e o interesse paterno com que Sua Grandeza se digna de nos cobrir, esperamos que Ele nos conservará um bem tão valioso para nós. Na falta de sua presença e de seus avisos bem diretos, sua palavra escrita, no excelente e muito gostoso livro que Sua Grandeza nos enviou, nos instruiu constantemente durante este último ano; fazíamos nele nossa leitura espiritual comum de cada dia e ouso responder que nenhuma frase, nenhum aviso, nenhuma observação terão sido perdidos para a pequena família. Assim, persuado-me, Monsenhor, de que, visitando-nos, nos encontrará ainda mais seus do que pelo passado, teremos guardado algo de seu santo zelo, de sua constância generosa, em uma palavra, de seu espírito que é o de Jesus que vive em sua pessoa.
Todos juntos, nosso Pe. Beaussier conosco, ajoelhamo-nos a seus pés para recebermos sua bênção de Bispo e de Pai.
Seu muito respeitoso e submisso filho em N.S,
Le Prevost
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206 É a antiga 343-1, (tomo IX da precedente edição). 207 O ano 1854 havia sido marcado por uma péssima colheita de cereais, última crise de víveres que a França conheceu. |
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