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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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329 - ao Sr. DecauxNotícias de sua saúde, sempre lânguida. Sofrimento por estar afastado de seus irmãos e não poder trabalhar com eles. O Sr. Le Prevost os recomenda a seu amigo. Solicita sua ajuda para Nazareth.
Le Vernet, 3 de dezembro de 1855
Caríssimo Confrade e excelente amigo,
Acho que meus irmãos, respondendo a meu desejo várias vezes expresso, já lhe terão dado notícias nossas. Outorgo-me, todavia, a satisfação de escrever-lhe algumas linhas, para assegurá-lo de nossas boas lembranças e de nossa constante afeição.
O afastamento considerável que nos separa, o irmão Paillé e eu, de nossos amigos, das nossas obras, do centro ordinário de nossa vida, é para mim um pouco penoso a suportar. Meu irmão Paillé está com saúde, e aliás está aqui por dedicação: acompanhar-me foi para ele uma obra de caridade; para mim, abatido e quase impróprio para tudo, sinto mais vivamente os rigores do exílio. E, no entanto, caríssimo amigo, devo dizê-lo, o Senhor é tão bom que Ele me mantém calmo e submisso sob sua mão, aguardando com paciência a manifestação de sua adorável vontade. Estou privado quase inteiramente dos socorros espirituais que encontrava em tão grande abundância em nossa pequena comunidade de Vaugirard, mas esforço-me por refugiar-me no Coração do divino Mestre para ali encontrar, como na fonte, as potências de vida que só chegam a mim gota a gota, exteriormente. Quanto ao corpo, o ar das montanhas tão puro nesta região e o calor do sol que, até agora brilha quase todos os dias, começam a me tornar um pouco menos fraco. Mas estamos entrando nos mais rigorosos dias da estação; sentimos menos aqui do que alhures, mas, no entanto, não passam despercebidos. O médico me adverte, portanto, de que, até o fim de janeiro, pode impedir o mal de meu peito de agravar-se, mas que não saberia, antes de fevereiro, me prometer melhora apreciável. Sofro pouco; só que falar quase me é proibido e respirar já é um trabalho suficiente para meus pulmões cansados. O fundo de meu mal é um grande cansaço dos órgãos e um esgotamento geral antes do que uma lesão bem sensível; estou aqui nas melhores condições para poupar o resto de vitalidade que há em mim e para aguardar um restabelecimento de minhas forças, se aprouver a Deus dá-la; tudo está portanto para o melhor, não se podia colher melhor proveito de minha pobre pessoa.
Eis aí um boletim em regra, caríssimo amigo, mas o que esperar de um doente, a não ser complacentes e minuciosas explicações sobre seu mal; é o direito da profissão, uso-o um pouco demais talvez às suas custas.
Não escapo também aqui à preocupação de nossas obras. Tinha para este inverno uma linda e dura tarefa toda pronta, deixei-a toda aos meus pobres irmãos, já bem carregados com sua própria tarefa; sofro por deixar-lhes tanta pena. Tenho toda a certeza, meu caro amigo, de que se você tiver alguma ocasião de prestar-lhes apoio, não ficará em falta com eles. Seu coração vai ao encontro de todo bem e, como por instinto, leva auxílio a toda pena; os rudes trabalhos de meus bons associados para esta estação lhe inspirarão simpatia e você dar-lhes-á todo o socorro que estará em seu poder. Velará também sobre nossas Santas Famílias, que vão se encontrar um pouco abandonadas. Meu irmão Paillé as visitava um pouco a todas, encorajando e aconselhando-as da melhor forma possível, mas eis que ele está, como eu, reduzido a somente rezar por elas; felizmente você fica ali, vai suprir a tudo. Peço-lhe também um pouco de sua atenção por nossa obra de Nazareth. Deixei esse pesado fardo nas costas de meu irmão Maignen, mas o pobre menino, já tão carregado por seu patronato223, perecerá sob o trabalho, se você e todos os nossos bons Confrades não lhe derem seus encorajamentos e sua ajuda.
Não sei se nosso caro Presidente Geral está de volta a Paris. Digne-se exprimir-lhe a pena que senti, ao afastar-me sem me despedir dele. Você sabe em que estado parti. Recomendo-me às orações dele, tão preciosas diante de Deus, às também de todos os nossos excelentes Confrades do Conselho Geral, cujos sentimentos tão nobres e tão caridosos foram minha constante edificação. Você não acharia, meu bom amigo, que nossa casa de Nazareth, com as proporções que tomou, com sua capela, da qual se pode tirar um tão grande proveito para o bem, sobretudo com nossos jovens eclesiásticos de Vaugirard, seja agora mais que uma simples obra de uma Conferência, mas que poderia interessar toda a nossa Sociedade em Paris, como exemplo talvez e sobretudo pelo sério que dá às nossas obras e pelas esperanças que delas faz conceber? Nesse título e no ponto a que chegou, poder-se-ia dizer de quase acabamento, em que se encontra, não lhe pareceria possível interessar nela nosso caro Presidente Geral, seu Conselho, e talvez também o Conselho de Paris? Se houvesse medo de criar um precedente, poder-se-ia alegar meu estado de sofrimento e de esgotamento, que faz um caso de exceção e que pede o socorro e o apoio caridoso de nossa querida Sociedade. Entrego essas considerações a seu exame; nossa casa de Nazareth é, acho, uma instituição bem digna de interesse; eu esperava levá-la a bom fim, mas, sendo que minhas forças me traem, não posso solicitar um pouco de colaboração à sede principal de nossa querida Sociedade?
Adeus, meu caríssimo Confrade e amigo, não ouso ainda dizer até à vista; até à vista, no entanto, já que, para os cristãos, a hora da reunião, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, deve seguramente acontecer. Sou em Jesus e Maria
Seu devotado Confrade e afeiçoado amigo
Le Prevost
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223 No dia 1o de dezembro de 1855, o Conselho Superior do Patronato, que preside o Sr. Baudon (M. Maignen faz parte dele) decide a fundação de uma Obra para os Jovens Operários, a Associação dos Jovens Operários. A primeira sessão realizar-se-á no dia 23 de dezembro, na rua do Regard. Essa Associação dará nascimento, dez anos mais tarde, em 1865, ao Círculo dos Jovens Operários. |
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