Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Jean-Léon Le Prevost
Cartas

IntraText CT - Texto

  • Cartas 301 - 400 (1855 - 1856)
    • 375.1 - ao Sr. padre Timon-David
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para ver os links de concordâncias

375.1 - ao Sr. padre Timon-David 

Após sua passagem em Marseille, o Sr. Le Prevost encara com confiança a entrada do padre Timon-David no Instituto. Modalidades que poderiam concluir-se na união. Ele não lhe esconde nada “do forte e do fraco” da Comunidade.

 

Vaugirard, 1o de junho de 1856

     Caro Senhor padre,

 

            Eu lhe teria escrito desde o dia após minha chegada aqui, se tivesse seguido meu desejo, pois, levava a sério demonstrar-lhe toda a nossa gratidão pelo bom e afetuoso acolhimento que nos fez e por todos os sinais de confiança e de cordial bondade que nos deu. Meu irmão Paillé se une a mim para agradecer-lhe por isso e, juntos, garantimos-lhe  que guardamos uma bem doce impressão.

 

            Não estive menos satisfeito de tudo o que vi de sua obra. Os sacrifícios de todo o tipo que você faz ali, o zelo sincero com que  nela se empenha me tocaram verdadeiramente, assim como os resultados tão preciosos que seus esforços constantemente obtêm. Quer dizer, caro Senhor padre, que continuamos totalmente dispostos a nos associarmos a cuidados tão dedicados e a uma obra cujo espírito bom e cristão só pode influir eficazmente sobre aquelas de que a Providência dignou-se nos encarregar. Esperaremos, portanto, com impaciência o momento em  que você puder se livrar das múltiplas ocupações que enchem seus dias, para passar conosco alguns dias, em vida de família e de comunidade. Só insisto, todavia, com moderação, sabendo bem que os trabalhos de sua capela redobram suas preocupações e seus encargos. Você sente, como nós, o quanto seria útil, antes de decidir-se absolutamente, poder nos ver de perto, examinar o forte e o fraco da comunidade, e assentar mais seguramente sua decisão. Você também está convicto de que seria plenamente vantajoso nós nos  encontrarmos, por alguns instantes, reunidos todos juntos aos pés de Deus, para nos adotarmos de ambas as partes, e selarmos nossa aliança numa fraterna caridade. Não preciso, então, persuadi-lo disso e estou bem certo de que o que realmente for possível, você o fará.

 

            Falei do forte e do fraco da comunidade. O forte é a união cordial e a sincera dedicação de todos; o fraco é a multiplicidade das obras, o número restrito demais de nossos membros, o peso de seus trabalhos, que não deixa tempo para formação, e nos obriga a pô-los a trabalhar sem reservar a folga suficiente, salvo para a piedade, cuja parte é mais ou menos reservada, ao menos para os estudos e os exercícios que os assentariam solidamente na vida cristã e na vida religiosa. Fiquei mais fortemente marcado por essa lacuna tão deplorável, ao voltar para casa após uma longa ausência. Gostaria de corrigir isso, mas quando se tem a carga sobre as costas, é preciso andar e esperar que o Senhor, vindo em nosso socorro, mande alguns reforços para dar-nos um pouco de folga. Aí está o que pressentia e o que me tornava tímido para responder às suas caridosas propostas; como dar ajuda aos outros quando nós mesmos pedimos a Deus para aumentar nossas forças? Não é presunção e segurança temerária? Ainda espero que não, caro Senhor padre, pois o bom Mestre nunca nos faltou em nossas necessidades. Tenho a confiança de que seu socorro não nos faltará e que tornará nossa união boa e útil de ambas as partes se, como acredito, Ele mesmo a preparou.

 

            Combinando entre nós, partilhando nossos meios, poderemos nos ajudar, apesar de nossa fraqueza. Em caso de necessidades urgentes, teríamos ao menos um recurso assegurado, enfim, espero porque o Senhor é bom e porque esperar, para um cristão, é crer simplesmente no poder e no amor de Deus.

 

            Quando vier243 a nós, examinaremos juntos o que é possível, você pesará conosco nossos encargos e os meios disponíveis para provê-los, compararemos suas misérias com as nossas e, partilhando como irmãos, daremos ajuda a quem mais precisar.

 

            Você vê, caro Senhor padre, digo-lhe as coisas, com toda simplicidade e estou longe de apresentar-lhe a aliança conosco como uma decisão bem desejável. Vivemos, temos a paz, nossas obras vão tratando só do dia de hoje, mas somos pouco fortes ainda e bem pouco capazes de amparar os que se apoiarem em nós.

 

            Peço-lhe, caro Senhor padre, para oferecer nossas respeitosas lembranças ao Sr. padre Guiol, cuja terna simpatia e afetuosa bondade nos tocaram profundamente. Estou certo de que sua Obra encontrará sempre nele esse interesse bondoso, que é tão necessário sentir ao redor de si, quando se é carregado de empreendimentos caritativos. A expansão,  então, é como um elemento necessário para a vida. É com essa condição sobretudo que se pode aplicar a palavra de Deus: não é bom  que o homem esteja só244.

 

     Ficarei feliz, caro Senhor padre, se quiser bondosamente me dar alguma parte nessas efusões. Se você tiver a bondade de me escrever algumas vezes, me apressarei em responder-lhe e continuaremos, assim, as relações que tão favoravelmente começaram entre nós. Mas as mais preciosas, as mais íntimas, as mais vantajosas estarão seguramente na oração recíproca. Ouso contar com as suas e prometo-lhe, de minha parte, a continuação das que meus irmãos e eu fazemos assiduamente por você.

 

            Receba, caro Senhor padre, os sentimentos de respeito e de apego sincero de

            Seu humilde e devotado servo em  Jesus e Maria

 

                                               Le Prevost

 

            P.S. --- Acredito ter deixado em sua casa um capuz e uma gravata longa. É um indício de que deverei ir buscá-los ou que você terá a bondade de trazê-los para mim.

 





243 O padre Timon-David virá a Vaugirard no dia 1o de julho de 1856 (cf. infra carta 390-1).



244 Gn 2, 18.





Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2008. Content in this page is licensed under a Creative Commons License