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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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379 - ao Sr. HalluinDiante das hesitações do padre Halluin para transpor as últimas etapas da união, o Sr. Le Prevost pede-lhe para abrir-se sobre o que ainda lhe parece criar obstáculo. Trabalhar de acordo não basta, é preciso confiança recíproca: nada deve separar os corações dos verdadeiros filhos de Deus. Sua família religiosa é fundada sobre a caridade. “O coração nela faz mais do que a cabeça”.
Vaugirard, 21 de junho de 1856 festa de São Luis Gonzaga
Caro Senhor padre,
Agradeço-lhe por sua diligência em escrever-me. Não é pouco para você, no meio de suas ocupações tão multiplicadas, achar alguma liberdade para escrever. Porém, é muito útil, sobretudo nos primeiros tempos, trabalharmos para bem estabelecer nossas relações mútuas e, já que ficamos distantes uns dos outros, não há outros recursos senão a correspondência. Um primeiro ponto bem essencial para estabelecer e que simplificará muito as coisas entre nós, é termos de ambas as partes uma confiança verdadeira, cordial, sem reserva. Creio poder garantir-lhe que ela existe assim, de nosso lado. Temos encarado diante de Deus nossa união com você, temos observado se o espírito que nos anima era também o seu e, muito convencidos de que estávamos andando no mesmo caminho, resolvemos ter, para com você, os mesmos sentimentos que temos para com todos os membros de nossa pequena família. Desejo muito que seja assim para você e para os seus, e que você conte conosco como verdadeiros irmãos, cujas afeições e interesses são também os seus. Exorto-o então, caro Senhor padre, a examinar se ainda há em você alguma incerteza, alguma falta de esclarecimento a nosso respeito e a assinalar-me a causa disso, para que todo esclarecimento e satisfação lhe sendo dados, vivamos depois no ar livre da confiança e da afeição recíprocas.
Parece-me que, como não deve haver nada que se interponha entre o coração do homem e o coração de seu Deus, assim também não deve haver nada entre os corações dos verdadeiros filhos de Deus. É isto que faz a alegria e a vida de nossa pequena família: é que verdadeiramente todas as almas nela estão fundidas em uma. Você pensará, talvez, que é necessário tempo para estabelecer uma inteligência e união tão perfeitas, mas creio que, na divina caridade do Senhor, essa íntima fusão dos corações se pode fazer num instante. Insisti um pouco nesse ponto, porque tal é o espírito de nossa pequena família: é fundada na caridade, nela, o coração faz mais que a cabeça, a confiança, mais que a prudência, o abandono a Deus, mais que as reservas da sabedoria e da razão naturais. Desejo muito, como você, que o jovem eclesiástico que conduz com você sua casa me escreva logo. Parece-me que não teremos dificuldade para nos entender se, como tudo me faz pensar, ele somente deseja, como nós, dedicar-se de todo o coração às obras que devem procurar a glória de Deus. Ouso assegurá-lo de que, se a inspiração para isso lhe é dada interiormente, ele a deve considerar como uma graça insigne, pois o Senhor parece querer reger hoje o mundo pela caridade, e os que servem de instrumentos para suas divinas misericórdias terão parte, neste mundo e no outro, nos seus mais preciosos favores. Que esse excelente Senhor estenda um pouco a mão para nós, e a nossa dirigir-se-á depressa para frente para apertá-la cordialmente. Sua vinda entre nós seria um meio para determinar as pequenas medidas que você acredita desejáveis no interesse de suas queridas crianças, digo bem sinceramente nossas queridas crianças de Arras. Interesso-me vivamente, como você, em assegurar-lhes todas as vantagens cuja procura dependerá de nós. Estarei satisfeito somente quando sentirem, elas também, que saíram ganhando com a associação que nos une. Guardo as indicações que você me dá sobre suas necessidades, a fim de trabalhar, de acordo com você, para supri-las.
Os ofícios do Santíssimo Sacramento só o chamam, se não me engano, uma ou duas vezes por semana. Não me pareceria, nesse caso, muito difícil achar em Arras algum padre bondoso que consentisse, nesses dias, em dizer a Santa Missa na casa dos órfãos.
Acho que, devido à pouca extensão dos pátios desse estabelecimento, era bem desejável ter um jardim, que servisse para os passeios e os trabalhos manuais das crianças. Considero portanto como muito útil a aquisição que você fez. Parece-me que você me havia falado nisso quando de minha viagem a Arras. Acreditava somente que você pensava então num aluguel e não numa compra; terei entendido mal, sem dúvida. Estou certo de que terá feito o melhor e com as melhores intenções.
Peço-lhe, caro Senhor padre, para oferecer minhas lembranças bem afetuosas ao Sr. de Lauriston, e para lembrar-lhe sua promessa de me escrever, ao mais tardar, após sua chegada em La Salette.
Eu ficaria bem satisfeito também se, em seus momentos de folga, seus bons irmãos me escrevessem algumas palavras; eu lhes responderia, e assim se estabeleceriam os laços de nossa intimidade. Trabalhar juntos é uma associação; mas trabalhar com um mesmo coração e com um mesmo espírito, é a união em Deus. E é a esse fim tão excelente e tão santo que tendemos. Abraço-os bem afetuosamente em N.S. e espero só a sua autorização para chamá-los de “meus filhos”. Pois já tenho para com eles os sentimentos que justificariam esse nome. Deixe-me acrescentar, caro Senhor padre, para você mesmo, que é uma alegria para nossa pequena família contá-lo entre seus membros e que, dos que a compõem, nenhum alegra-se mais profundamente por isso do que eu. Abraço-o também em Jesus e Maria, bem cordialmente.
Le Prevost
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