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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 401 - 500 (1856 - 1857)
    • 424 - ao Sr. Maignen
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424 - ao Sr. Maignen

Corresponder aos desígnios de Deus. O apego à Regra favorece a unidade e sustenta o esforço dos membros da comunidade. Penetrar-se mais do espírito de sacrifício. O Sr. Le Prevost se mostra exigente por causa da afeição que tem por seus irmãos.

 

Cannes, 26 de novembro de 1856

 

            Caro filho em  N.S.,

 

            Tomo de propósito, para escrever-lhe, um pedacinho de papel, para não ceder à tentação de utilizar somente com você o tempo que desejo consagrar hoje a vários dos meus filhos de Nazareth e, desconfiando do longo costume, que existe entre você e mim, de uma expansão fácil e talvez complacente demais. Aliás, tenho quase unicamente motivo para me alegrar com você e abençoar o Senhor pela boa estabilidade que Ele deu à sua querida  casa e pelas felizes disposições de todos os que a compõem. Ao mesmo tempo que você me dava testemunho disso, nosso bom padre Beaussier, de quem recebi bem recentemente uma carta, me dizia também suas boas esperanças sobre o futuro dessa pequena fundação. Esforcemo-nos, caríssimo filho, por corresponder, cada um por nossa parte, aos desígnios da sabedoria e da misericórdia divinas; Deus faz muito por nós.Reuniu em nossas mãos grandes meios para nossa santificação e a de muitos outros: uma capela, um padre zeloso, uma comunidade, uma Casa de obras, um círculo de amigos e de cooperadores dedicados. Quantos recursos, se soubéssemos aproveitá-los! Quantas razões, para esperar muito no futuro, se formos bastante firmes para sustentá-lo.

 

            Vejo com alegria que você guarda fielmente seu regulamento. Convenço-me cada vez mais da força que dá a uma comunidade este precioso apego à regra; é o laço da unidade para todos, é o apoio da inconsistência própria para cada um. Sem isso, a comunidade dispersa suas forças e anula sua ação, cada um de seus membros tendendo a retomar posse de si mesmo pelo capricho e pela arbitrariedade de seus movimentos. Acho que você sairá ganhando muito, em particular, caro filho,  colocando esse freio à sua atividade e ao jeito improvisado de suas inspirações nas obras. Digo, aliás, esta palavra de passagem,  só para responder à sua carta, sabendo bem que você está trabalhando seriamente para mortificar o que pode ser repreensível em você. Quanto ao espírito de sacrifício, penso que você chegará lá cada vez mais, não ficando muito à vontade, mortificando-se diariamente nas pequenas coisas, enfim,  voltando constantemente a este grande princípio: sofrer e ser humilhado de bom coração, é o resumo da doutrina de Jesus Cristo. Nossa pequena Comunidade toda inteira, até agora, me parece ter penetrado pouco demais nesse espírito, sem o qual, contudo, não há meio de avançar. Aquele que tem os dons de amor, de luz e de fortaleza, digne-se derramá-los bem abundantemente sobre nós.

 

            Tudo isso é bem sério, caro filho; você não gosta de minhas cartas, quando não acha nelas, em algum canto, um pouquinho de terna e viva afeição. Procurando bem,  você o descobriria por baixo daquilo que acabo de escrever: nada me interessa tanto como vê-lo consumar em plenitude o generoso sacrifício que fez a Deus de todo o seu ser; sua perfeição me é cara, porque ela glorifica a Deus, mas também porque o amo ternamente, porque  recebeu de mim mais do que outros, e porque me seria doce até o fim dar-lhe tudo o que minha indigência puder produzir de menos defeituoso. Não esqueço de que a oração fará mais para isso do que todas as palavras do mundo. Rezo constantemente por você e por todos os meus bem-amados filhos, por suas obras e por todas as suas necessidades. Posso dizer que esta é  minha principal tarefa aqui. Esforço-me por me compenetrar desta convicção de que se coopera nas obras de santificação e de misericórdia rezando e submetendo-se docilmente à vontade divina. Estar inativo, quando temos tanto para fazer, sentir minha incapacidade, quando sei que estão todos carregados, é uma cruz que me quebra penosamente, mas espero que os alivio todas as vezes que digo: fiat voluntas tua; repito-o tantas tezes quanto posso, mesmo quando sofro, como me vem acontecendo todo este tempo.

 

            Tenho dificuldade para me aclimatar, o ar destas regiões é muito vivo para mim; e a força do sol me excita além do normal, por causa da fraqueza de todos os meus órgãos. Meu peito irritou-se de novo, mas tudo isso é segundo Deus ou, antes, por Deus. O tempo é magnífico aqui: o sol brilha todos os dias ou, antes, resplandece, a região é magnífica, mais linda do que Hyères, o que acreditava quase impossível; quantos temas de pintura você acharia aqui! Tudo é quadro, tudo parece disposto a contento para dar os mais maravilhosos efeitos. Mas para mim, não sei pintar, admiro e louvo o autor de todas essas maravilhas e penso que Ele colocou muitas outras no mundo da graça, muitas outras ainda no mundo celeste onde Ele dignar-se-á, espero, nos reunir.

 

            Adeus, caro filho, abraço-o com uma certa pena, através dessas linhas entrecruzadas; faço-o, contudo, do mais forte de meu coração.

 

            Seu amigo e Pai em N.S.

 

                                               Le Prevost

 




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