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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 801 - 900 (1861 - 1863)
    • 852 - ao Sr. de Varax
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852 - ao Sr. de Varax332

Testemunho de afeição. Pressentimento de futuro.

 

Chaville, 12 de agosto de 1862

 

Caríssimo Senhor e filho em N.S.,

 

Você me chama “meu pai”, respondo-lhe “meu filho”. Sim, eis-me aqui, se há em você um pouco de sentimento filial para comigo, é-me fácil dizê-lo, há no meu interior, para com você, tudo o que une o pai ao filho, a dedicação, a terna afeição, o vivo desejo de ajudar, de assistir, a solicitude, a atenta preocupação do futuro. Tenho quase necessidade de assegurá-lo de todos esses sentimentos, caro Senhor, pois demorei muito para lhe responder. Eu contava, chateado, os dias que transcorriam um após outro desde a recepção de sua carta, mas nenhum deles me oferecia um momento disponível para lhe escrever; experimenta-se, na minha idade, vendo passar a vida,  o que se sente nas viagens pela estrada de ferro: as paisagens escorregam e se apagam uma após outra; se pararia bem aqui ou ali, mas nada fica no seu lugar, já se está longe, arrastado sem interrupção através do espaço; apresse-se em viver e viver nobremente, caríssimo amigo, durante os curtos instantes que chamam de juventude; entre o passado e o futuro, goza-se então de um e do outro com uma tão maravilhosa capacidade de lembrança e de esperança que se tem a impressão de aumentar a duração do presente, mas isso dura bem pouco; a vida, disse não sei qual moralista, é um passo entre o berço e a tumba. Felizmente, esse passo é suficiente e pode ser preenchido por coisas tão preciosas que podem realizar grandes bens, deixar uma longa lembrança e ganhar, para quem as fez, uma existência sem fim, uma felicidade eterna.

 

Agradeço-lhe por sua cara carta, ela me tocou vivamente; o ardor de sua jovem alma tão confiante, tão generosa em suas aspirações, mexe comigo como se eu tivesse somente seus 20 anos, e preciso tratar um pouco de me tornar razoável para não ceder demais ao arrebatamento; parecia-me, ao conversar com você, parece-me ainda lendo suas cartas (eu estava aí, em Nazareth, quando o Sr. Maignen recebeu a dele) que recomeço minhas inesgotáveis efusões com esse último, quando ele tinha a idade e a juventude de coração que faz hoje o tesouro de você. Eu lhe disse, caro Senhor, achava que o reencontrava em você e recomeçava os dias de outrora, como um avô que rejuvenesce com seu neto. É puro efeito de sentimento, é um indício providencial? O futuro o dirá.  Por enquanto, deixo acontecer, não resisto ao que é doce para mim e onde não acho nada que o Deus de caridade possa condenar.

 

Se você me escrever de novo, caríssimo Senhor, como tenho certeza disso, você cuidará de me dizer bem por extenso se está seguindo minhas pequenas recomendações em sentidos diversos, e você me dirá sempre tudo o que se passa em você, sem medo de me cansar. Você deixou cair a palavra de individualismo; se essa tendência estivesse em você, sublime-a, caríssimo amigo, fazendo-a servir a se estudar a si mesmo, para conseguir um bom conhecimento de si, para ver seus pontos fracos e também os atrativos espirituais que estão em você, e, enfim, a ação interior do divino Espírito em sua alma; não quero renunciar ao direito que você me deu de ler nesse livro, a não ser que você mesmo o feche; acredito que não acontecerá nada disso. Eu, espero, demorarei menos para lhe escrever outra vez. HjjjPrefiro, de costume, escrever pouco, se me falta tempo, e não atrasar minhas respostas; uma vez passado o primeiro momento, os prazos tornam-se indefinidos, e depois, a impressão do colóquio se minora por isso. Vaugirard e Nazareth lhe guardam uma terna lembrança; o momento que o trará novamente a Paris será festejado aqui por todos. Como tão pouco tempo foi suficiente para operar uma tão íntima junção dos corações? Acharia várias razões disso, mas você as achará de seu lado, espero.

 

Uno-me à pequena oração que faz cada noite o Sr. Maignen por você, um a mais não estragará nada. Nosso Senhor disse: “Quando estarem dois ou três reunidos em meu nome, estarei no meio de vocês.”333 Que doce e divina Palavra!

 

Um pai tem direito de abraçar seu filho, eu o abraço, portanto, afetuosamente, caro Senhor, e sou em Jesus e Maria

 

Seu devotado amigo e Pai

 

                                   Le Prevost

 

 





332 Nascido em Châlon-sur-Saône em 1841, Bernard de Riverieulx de Varax tinha colaborado na obra de Nazareth. Homem de talento e de envergadura, conquista a amizade do Sr. LP. que o acolherá em Vaugirard no dia 7 de abril de 1863. Será ordenado padre no fim de 1866. Em 1871, apesar de sua pouca idade, (29 anos), será escolhido pelo Sr. LP. para ser seu vigário geral, cargo que assumirá com competência e generosidade até a eleição do Sr. Lantiez, no dia 8 de dezembro de 1874.



333 Mt, 18,20.





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