954 - ao Sr. Chaverot
O jovem seminarista está com sua família, em férias.
Exortação a falar, sem insistência exagerada por enquanto, de
sua vocação religiosa. Exemplo dos primos do Sr. de Varax, que deixaram “uma
grande fortuna, um belo nome” para seguir o Cristo. Contar antes de tudo
com os meios espirituais e a devoção ao Coração de Maria, “santuário e altar”,
de onde subirá nossa oração e se consumarão nossos sacrifícios”.
Vaugirard,
26 de agosto de 1864
Caríssimo
filho em N.S.,
Você
demorou muito para me escrever. Estava um pouco inquieto, temendo que você tivesse
encontrado alguma contrariedade inesperada. Não é nada disso, Deus seja
bendito, toda a sua cara família vai bem e você está em perfeitas condições.
Interesso-me por tudo o que você me diz sobre sua casa. Estou feliz, em
particular, pelo bem que você pensa de sua cunhada. É uma tão preciosa
vantagem, para a sorte temporal e espiritual de um homem, uma companheira
verdadeiramente animada pelo espírito cristão; é um verdadeiro dom de Deus,
tanto para ele como para sua família; é a bênção de sua casa.
Todos aqui
lhe guardam a mais afetuosa e a mais fiel lembrança. Não falho, quanto a mim, à
pequena oração que faço cada noite a São José e a seu santo padroeiro [São
Miguel] na sua intenção. O Sr. de Varax também guarda suas piedosas práticas
por você.
Ele passou
muito felizmente seu exame de filosofia e foi admitido sem dificuldade a entrar
no Seminário na volta de outubro. Só que continua pouco vigoroso. Há alguns
dias, partiu (fazendo um pequeno desvio por Chalon) para chegar, com seus pais,
aos banhos de mar no Havre. Eu teria preferido que tivesse ido para o sul, para
o Mediterrâneo, porque sei, por experiência, que o mar é pouco amável na
Mancha, logo que a estação está um pouco avançada. Mas seu pai, ele mesmo muito
debilitado, desejou ir para o Norte, tendo sofrido muito, ultimamente, pelo
calor do verão nos Pireneus.
Parece que
o Sr. Christian de Bretenières deve ir começar seu Seminário em Roma. Acho que o
assunto ainda é um pouco secreto. Você não o terá, provavelmente, em Saint Sulpice.
Ficaria
muito feliz, assim como nossos irmãos, se você pudesse, uma vez em Mâcon, vir a
Paris. O bom Deus arranjará talvez as coisas assim; Ele cuidou muito felizmente
até agora de todos os seus negócios, continue a abandonar-se a Ele. Não tenho
conselhos, caro filho, a dar-lhe para sua direção durante as férias. Você tem
seu manual, as boas sugestões do R.P. Pinaud lhe estão ainda presentes, e,
aliás, Nossa Senhora da Salete e seu bom Anjo da Guarda velam sobre você; o que
eles protegem é bem guardado. Você poderá, talvez, na conversação, falar, sem
ostentação, sobre o fato marcante das vocações dos Srs. de Bretenières. Deixam,
desprezando-a, uma grande fortuna, um belo nome, todas as vantagens mais
cobiçadas do mundo. Um [Just], para se tornar missionário, o outro [Christian],
sem dúvida, também para alguma condição de renúncia absoluta. Não precisa de
muito comentário, além de observar que Deus chama os seus para onde Ele os
quer. É o suficiente, as insinuações gerais bastarão este ano. Você vê por si
mesmo o quanto seus bons pais se assustariam facilmente. Mas, independentemente
desses meios bem secundários e bem insuficientes, utilizemos sobretudo os meios
espirituais, os poderes da fé, a oração, a confiança na Santíssima Virgem, que
já interveio tão amavelmente em seus negócios. Confiemos-lhe a tarefa de
completar a obra que ela começou, ela porá nisso sua última mão e, sem
incomodar, por vias cheias de suavidade, o conduzirá a seu fim. É domingo a
festa do Santo e Imaculado Coração de Maria, refugiemo-nos nesse asilo.
Doce Coração de Maria, sede nosso refúgio. Vamos ali para aprender toda ciência
cristã e todas as virtudes; que aí também esteja nosso santuário, nosso altar
de onde elevar-se-á nossa oração e onde se consumarão nossos sacrifícios. Escola,
refúgio, santuário, sim, que o Coração de Maria seja tudo isso para nós; assim,
teríamos luz, força e consolação.
Adeus,
caríssimo filho, vou sair amanhã para uma pequena viagem de 4 ou 5 dias.
Voltarei para o dia 2 ou 3 de setembro. Se daqui até lá você tivesse de me
escrever, estarei na casa de Dona Salva, minha irmã, em Duclair
(Sena-Inferior). Abraço-o ternamente em Jesus e Maria
Seu amigo e
Pai
Le Prevost
Rasgue ou
queime minhas cartas.