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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1001 - 1100 (1865 - 1866)
    • 1020 - ao Sr. de Varax
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1020 - ao Sr. de Varax

Volta de Allevard. Defeitos que levam a não acolher um noviço alemão. Entrada no Seminário de Issy de quatro escolásticos, providências para a ordenação do Sr. de Varax. Devoção ao santo Coração de Maria.

 

Chaville, 26 de agosto de 1865

 

Caríssimo amigo e filho em  N.S.,

 

Desta vez, sua carta chegou ao destino diretamente e sem desvio. Estava, esta manhã, em Vaugirard quando me foi entregue, e, esta noite, faço algumas linhas de resposta na minha chegada em Chaville. Algumas linhas, porque amanhã é domingo, tenho pouco tempo e quero confiar esta mensagem ao fiel Pascau.

 

Estamos de volta, o Sr. Paillé e eu, desde terça-feira à noite, um pouco cansados, um pouco indispostos em conseqüência do tratamento das águas, das mudanças de lugares, de regimes, etc... mas, no conjunto, aguardando, ambos, alguma melhora de saúde que o outono possivelmente trará.

 

No pequeno rebanho, tudo vai bem in globo. As misérias, ou morais ou físicas, se encontram somente em casos particulares. Em Chaville, que você afeiçoa com boa vontade particular, o Sr. François  [Bokel], o alemão, não parece dever perseverar. É um moço sonhador, excessivamente suscetível, preocupado consigo mais do que precisa para se doar aos outros, mas, acima de tudo, ambicioso, visando humanamente a coisas elevadas, querendo a ciência para conseguir alguma posição. Em uma palavra, espírito nebuloso sem vistas bem assentadas, porque não são simples e nítidas. Nós o temos bem estudado, não acreditamos que esteja no seu caminho perto de nós: não tem a sombra de inteligência de nossos objetivos, nem do espírito no qual desejamos nos estabelecer.

 

Eis algo um pouco comprido, mas pensei que você teria, talvez, um certo pesar. Fiz questão de assegurar-lhe que este não seria fundado. Não falei nada sobre os quatro jovens filósofos, porque nada sabia, nada estava decidido. De longe, não via com bastante clareza esse assunto para ter um pensamento bem fixo.  Desde a minha volta, parece decidido que os quatro irão como internos a Issy, ao menos para o primeiro ano. Pensamos que se, no fim do ano, estivessem cansados, poderiam, em previsão dos três anos do Seminário Maior, descansar seguindo como externos o segundo ano de Issy. Já tendo então tomado direitinho o jeito e os bons costumes de comportamento e de disciplina do Seminário, poderiam, com menor inconveniente, ficar fora no segundo ano. Eis o projeto atualmente, mas, entre nós, o imprevisto desconcerta tantas vezes nossas disposições, justificando o provérbio “o homem se agita e Deus o conduz”, que ainda não ouso assegurar que essa será a última palavra para esse plano. Todavia, ontem inscrevi esses quatro jovens em Issy. O Sr. Camus me acompanhava e se fez inscrever também como aluno de primeiro ano. Já disse a você: para ganhar tempo e deixar se apaziguarem as iras violentas e ameaçadoras de seu pai, resignou-se a essa decisão. Talvez Deus esteja usando esse meio para trazê-lo ao sacerdócio, para o qual não sentia inclinação. O Sr. Marechal está de férias, o bom ecônomo que o substitui é particularmente afeiçoado a você, virá nos visitar em Chaville.

 

Domingo, 27. Saio amanhã, segunda-feira, para resolver alguns negócios de minha irmã. Voltarei na sexta-feira, dia 1o de setembro. Acho que você não tardará muito para se unir a mim e para retomar o caminho de Chaville. No entanto, conceda à sua saúde o que exige, e também a seus pais o que lhe parecerá desejável. Não vejo inconveniente na visita de Monsenhor de Autun [Dom de Marguerye]; poderia ser, pelo contrário, uma ocasião de lembrar-lhe que você terá logo de lhe pedir as autorizações para seus graus de ordenação, e, ao mesmo tempo, de mostrar-se persuadido (respeitosamente) de que ele não porá obstáculo nenhum à sua vocação religiosa.

 

Gostaria, caro filho, de responder à parte mais interessante de sua carta, a que diz respeito a seu interior. Reservava, para esse fim, esta última página inteira, mas a hora de minha missa chegou e Pascau deve levar esta mensagem imediatamente depois. Reservamos, portanto, esse interessante assunto para nossos colóquios na sua volta. É hoje a festa do Santo e Imaculado Coração de Maria. Dedico-lhe nossa pequena família e a escondo, bem abrigada, nesse doce asilo. A paróquia de Nossa Senhora das Vitórias, anteriormente árida, ressecada, objeto de desolação para seu Pastor, refloresceu, se reanimou, após ter sido por ele confiada, dedicada ao Santo Coração de Maria. Parece-me que será assim para nossa pequena família e cada um de nós em particular. Vamos nos sentir mais fervorosos, mais dedicados, aproximados desse Coração tão puro, tão ardente, tão generoso em sacrifícios, que nos é representado ornado com uma coroa de rosas brancas, com uma chama em cima, trespassado por um gládio, tríplice emblema de sua pureza, de sua ardente caridade, de suas generosas imolações. Abraço-o ternamente nesse Coração tão lindo e sou para sempre

 

Seu amigo e Pai

 

                                               Le Prevost

 




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