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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1101 - 1200 (1867)
    • 1113 - ao Sr. De Varax
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1113 - ao Sr. De Varax

Providências para a ordenação. Notícias dos irmãos. Estragos da cólera. Amigos e protetores do Instituto. Construção da capela em Notre Dame des Champs. Votos afetuosos.

 

Vaugirard, 3 de agosto de 1866

 

Caríssimo amigo e filho em N.S., 

 

Sua viagem foi um pouco demorada, tínhamos pressa de ter notícias suas. Enfim, chegaram e são das melhores. Bendissemos a Deus e continuamos pedindo-Lhe para que você encontre força e vigor nas águas, para prover às grandes eventualidades concernentes às suas ordens. Até agora, não tirei de Arras nenhum detalhe preciso a esse respeito. Monsenhor Lequette veio a Paris para prestar juramento nas mãos do Imperador. Logo que fiquei sabendo, mandei depressa a seu hotel perguntar se o padre Lantiez e eu poderíamos vê-lo, como desejava. Acabava de sair novamente. Uma vez de volta, sua sagração o manteve muito ocupado: o padre Laroche tinha ido seis vezes à sua casa sem encontrá-lo. Em seguida, se o viu, não sei. Se escreveram de Autun, não tenho maior conhecimento. Monsenhor de Autun, de saída , não respondeu à minha carta que, de resto, não pedia precisamente resposta até novos esclarecimentos a serem tomados em Arras. Talvez possa saber pelo Sr. Picard se algo foi decidido. Vejo que o tempo das férias, nos bispados como em todas as administrações, é pouco favorável à pronta expedição dos negócios.

 

O Sr. Chaverot me escreveu de Arras. Está, como certamente presume, perfeitamente disposto a fazer tudo o que puder para se tornar útil. Mas o Sr. Victor [Trousseau] está tão cansado que está reduzido quase à incapacidade. Convido-o a acompanhar o Sr. Laroche nos banhos de mar, se possível, caso contrário, a vir a Chaville para se restabelecer. Ainda não sei o que poderá fazer. 

 

Aqui, vamos bastante bem, apesar de um pouco de cólera circulando em quase todo lugar, porém, sem nada de ameaçador. Vaugirard, acho, ainda não foi atingido. Amiens ainda está muito maltratado. O Sr. Jean-Marie [Tourniquet], já lhe disse, acho, perdeu seus dois irmãos. Um menino morreu em nossa casa, onde está o Sr. Caille. Sua caridade se mostrou, como sempre, nessas tristes circunstâncias: abriu sua porta aos órfãos, preparou lugares para 25, mas estará sobrecarregado. Deus é, melhor do que ele ainda, o Pai dos órfãos e proverá a tudo.

 

Tivemos, em Vaugirard, nossa distribuição dos prêmios anteontem, dia 1º de agosto. Deus ajudando, foi para nós apenas uma ocasião de todos os tipos de consolações. Você agradecerá conosco. Esses Srs. de Saint Sulpice, Icard e Dugrais, assistiram com muita bondade. Devem nos visitar em Chaville na semana próxima. O Sr. Caval talvez esteja entre eles. Possivelmente, almoçarão com a pequena comunidade. Todos nos mostram uma particular benevolência. Deus dispõe os corações dos seus e tira deles tesouros de bondade e de caridade, que derrama como um orvalho. Ele é sempre quem dá, mas escondendo-se sob esse intermédio; mas Ele só fica meio escondido e gritamos: Ah! meu Deus! Eu o reconheço.

 

O Sr. d’Arbois passou 15 dias aqui, movimentando-se mais do que descansando. Não vai mal, vai construir uma capela em Notre Dame des Champs. Monsenhor o estimula e subscreve com 5.000f. Só precisa de 20.000, porque as construções, em Angers, têm preços extremamente moderados. Conseguiu perfeitamente, em Angers, reerguer as duas obras que lhe foram confiadas. O Bispado, o Capítulo e todo o mundo cristão estão perfeitamente dispostos em seu favor.  Permanece, no entanto, humilde e bem no espírito religioso.

 

O Sr. Urbain [Baumert], em Metz, também ganhou o coração do bom Bispo, que ficou muito contente com seus exames. Vai conferir-lhe as ordens menores na Assunção e talvez o sub-diaconato em setembro. Alguns pequenos rumores ameaçadores começam a chegar-lhe da Prússia382. Pode vir daí outra coisa? Encho esta folha com todos esses pormenores, porque sei que está muito ávido por conhecê-los. Defendo-me, porém, de chamar isso de curiosidade, sabendo bem que, neste caso, o coração é que está ávido, não o espírito.

 

Mando-lhe uma carta que chegou ao seu endereço. Olhei para ver se lhe pediam alguma disposição que pudéssemos executar no seu lugar, não percebi nada de tal. Enderecei-lhe para Chalon, rua Saint Georges, há 8 dias, a batina de verão, (tecido menos bom do que de costume: o Sr. Caille, tomado por mil cuidados, não pôde cuidar desse detalhe). O dicionário vai junto. Fizeram-me uma batina com o mesmo tecido, e o alfaiate engenhoso o pôs às avessas: é totalmente excêntrico . Sente-se vontade de pensar em Saint Éloi dando o aviso que você sabe ao rei Dagobert.

 

Eis que minha página termina, não lhe falei muito de você. Na correspondência, o que esperamos é que as pessoas nos falem do que fazem e não do que nós mesmos fazemos, já que, à distância, não estariam muito à vontade para tanto e não acertariam. O afastamento não me impede, no entanto, de acompanhá-lo em tudo o que diz respeito à sua alma e às suas afeições: sua alma em todos os seus relacionamentos com Deus, suas afeições em sua doce intimidade com sua boa mãe. Simpatizo com tudo isso e me uno a você bem cordialmente. Penso em você, sobretudo, todos os dias, no Santo Sacrifício, e à noite também pago-lhe fielmente a Ave Maria que lhe atribui desde o começo e que lhe ficará, acho sinceramente, até o fim. Reze por nós, do seu lado, pois, apesar de alguns êxitos de vez em quando, não deixamos de ter, porém, tantas misérias e provações quantas são necessárias para nos lembrarmos do quanto somos fracos e de quanto seríamos impotentes se Deus não nos assistisse.

 

Adeus, caríssimo amigo. É possível que, após a semana que vem, faça uma pequena ausência de 8 ou 10 dias, mas, até agora, não vejo muito que seja possível. Ofereça, por favor, meu respeito à Senhora sua mãe, se achar oportuno, e acredite, caríssimo filho, em todos os meus mais ternos sentimentos em Jesus e Maria.

 

Seu amigo e Pai

 

                                               Le Prevost

 

 





382 O irmão Baumert, de pai prussiano e de mãe polonesa, havia sido forçado a se refugiar na França, em conseqüência de atividades políticas contra o governo prussiano. Mas é sem dúvida por causa da guerra austro-prussiana (derrota da Áustria em Sadowa no dia 3 de julho), que o jovem cidadão prussiano é procurado pela polícia de Bismarck.





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