Encorajamento
para superar as dificuldades de colaboração. Relativizar as impressões penosas que
experimenta. Oração e humildade, ter em vista o bem comum.
Vaugirard,
26 de janeiro de 1865
Caro
filho em N.S.,
Tomo uma
cordial parte em sua aflição e peço a Deus insistentemente para derramar sua
divina consolação em seu coração. Sei o quanto é penoso não se entender
facilmente com aqueles cujos trabalhos se partilha todos os dias, sobretudo
quando se caminha franca e fielmente para o cumprimento de seu dever. Mas,
caríssimo amigo, você não ignora que, em tais circunstâncias, a pessoa está particularmente
agradável ao Senhor, está na provação, no combate interior e, durante todo esse
tempo, como para o soldado em operação militar, cujo serviço é contado em
dobro, junta-se um duplo tesouro de méritos. Não esqueço, todavia, que nossa
pobre natureza tem seus direitos, que nossa paciência tem limites. Por isso,
compadeço seu sofrimento e prometo dar-lhe uma outra função, quando você
não mais acreditar, de modo definitivo, ter a capacidade de suportar sua
posição. Que esse pensamento, portanto, o tranqüilize, caro amigo, e lhe sirva
de segurança nas horas ruins em que a coragem parece abandoná-lo.
Parece-me,
no entanto, caro filho, que, uma vez passadas as impressões penosas, tendo tornado
a entrar em si mesmo aos pés de Deus, você pode dizer: de que se trata, afinal?
De algumas palavras ofensivas, ditas em um momento de irritação e que não têm
intenção refletida nem real, de algumas contradições nas ordens dadas e que
podem tornar os movimentos mais difíceis, de alguma severidade na direção, que
pode magoar na hora e tornar a expansão menos íntima. Tudo isso é penoso, mas
não é possível suportá-lo, com a ajuda da oração e de um sentimento de
humildade, sobretudo refletindo que todo o bem da obra esvaecer-se-á se a
desarmonia se puser entre vocês? Na realidade, o Sr. Risse é bom e sinceramente
devotado ao bem das almas, ele o ama e faz justiça a tudo o que há de bom em você. Ficaria
muito penalizado por perdê-lo e, em todas as suas cartas, o elogia. Perdoe seus
defeitos, a caridade o pede. Tenha um pouco de flexibilidade com ele e a
situação, espero, poderá ainda se sustentar. De resto, o Sr. Lantiez irá, daqui
a um mês ao mais tardar, visitá-los em Metz. Tenha paciência até lá, caro amigo. Acho
que, conversando com você e com o Sr. Risse, ele poderá tornar a situação
melhor. Tenha certeza de que, afinal, essas provações servirão para sua
santificação.
Adeus,
caríssimo amigo, abraço-o ternamente nos Corações sagrados de Jesus e de Maria.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
Todos
os nossos Srs. Diretores dos patronatos repetem constantemente que, para a
direção dos aprendizes e jovens operários, não deve haver rigor na disciplina
nem demasiada severidade na execução das regras.