Felicitações
por um nascimento. A cólera em Paris (a epidemia de 1865-1866 fez 11.000
vítimas). Reflexões sobre a crise que resultou.
Vaugirard,
3 de novembro de 1865
Senhora
Condessa,
Meu
pensamento voltava-se há algum tempo, com uma persistência ainda maior do que
de costume, para você e para sua cara família, quando me chegou sua boa e
amável carta. Era pressentimento ou, antes, necessidade mais viva de receber
notícias suas? Não saberia dizer, mas por uma ou por outra razão, por ambas
talvez, a carta foi recebida com prontidão e alegria. Estou plenamente feliz
por saber que a família de Dona de Romanet aumentou, com um pequeno anjo que se
chama Louis. Será um São Luís, espero. Esse nome é caro ao céu e à terra,
glorioso na Igreja e a honra da França. A querida criança que o recebeu será
digna de levá-lo. Não tem ela, como nosso grande rei Luís, uma mãe (e até três,
contando a que está com Deus) para lhe ensinar a piedade, a bondade e a
grandeza de alma? Uno todos os meus votos e todas as minhas orações às suas
para que o Senhor lhe prepare um bom futuro.
Rezei
fielmente a Santa Missa cada semana às intenções da Senhora de Houdetot e às
suas, acrescentando uma boa lembrança pela família inteira, porque sinto em mim
respeito e devotamento por todos os seus membros, com afeição mais marcada,
isso é bem permitido, por aqueles que me é dado conhecer e encontrar algumas
vezes. Levo muito em conta também todas as recomendações que me faz, Senhora,
ou as necessidades particulares que atraem sua atenção. Com uma mãe
verdadeiramente cristã, se pode, sem risco, associar-se a todos os seus
desejos, pois são todos submetidos à adorável e toda sábia vontade de Deus.
Mandei as notas que pedia a Nossa Senhora das Vitórias; foram também
mencionadas em nossa capela que é agregada à Arquiconfraria.
Não
vejo coisa alguma digna de interesse em nossa Paris, que possa levar a seu conhecimento.
Os jornais são um tipo de correspondência que restringe as comunicações
epistolares aos fatos totalmente íntimos. A terrível epidemia foi relativamente
bastante restrita este ano: diminuiu definitivamente pela metade, e espera-se
que o tempo frio, de que estamos tendo os primeiros golpes, vai completamente
apagá-la. Não houve possibilidade, desta vez como das outras, de
desvendar-lhe nitidamente a causa e também de indicar-lhe seguramente o
remédio.
Não
se tem, até agora, muita pressa para voltar do campo, mas a calamidade terá
desaparecido completamente no decorrer de novembro, tudo o deixa esperar.
Pode-se, então, pensar que nada mudará nos hábitos dos que vão para o campo no
verão. Neste momento, o movimento do comércio e da indústria sofre um pouco dos
pavores da província. Poucos estrangeiros vêm a Paris, os industriais, incertos
das possibilidades da estação, são tímidos e trabalham pouco. No corpo social,
como em nosso próprio corpo, o menor embaraço pára a engrenagem, e a máquina
funciona com dificuldade. Esperemos que o Grande Operário, cuja mão a formou,
saberá logo tudo recolocar em movimento.
Não
li as excelentes obras de que me fala, Senhora. Ouvi louvar muito sobretudo as Mémoires
d’un père, mas não se encontrou ao meu alcance. Se o tem na sua
posse, contarei com sua gentileza para lê-lo. Gosto, assim, de fazer algumas
boas leituras, que sustentam, entre as que mais aprecia: isso faz um fundo
comum de sentimentos e de bons pensamentos, que entretém o entendimento das
almas e aumenta sua união no amor do bem.
O
Sr. de Lauriston está infinitamente comovido por sua boa lembrança. Une-se a
mim para lhe oferecer seu respeitoso devotamento, assim como a todos os membros
de sua querida família, dos quais está rodeada. Queira aceitá-lo, Senhora
Condessa, com todos os meus sentimentos de profundo apego em N.S.
Le Prevost
Padre
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