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Comissão Teológica Internacional
Memória e reconciliação

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  • 1. O PROBLEMA: ONTEM E HOJE
    • 1.2. Ensinamento do Concílio
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1.2. Ensinamento do Concílio

O Vaticano II coloca-se na mesma perspectiva de Paulo VI. Pelos erros cometidos contra a unidade - afirmam os Padres conciliares - "pedimos perdão a Deus e aos irmãos separados, assim como também perdoamos àqueles que nos ofenderam" (UR 7). Para além dos erros contra a unidade, o Concílio assinala outros episódios negativos do passado, nos quais os cristãos tiveram responsabilidade. Desse modo, "deplora certas atitudes de espírito que não faltaram mesmo entre os cristãos", que puderam fazer pensar numa oposição entre ciência e (GS 36). Considera, igualmente, que "na génese do ateísmo", os cristãos podem ter tido "uma certa reponsabilidade", na medida em que com a sua negligência "antes esconderam do que revelaram o autêntico rosto de Deus e da religião" (GS 19). Além disso, o Concílio "deplora" as perseguições e manifestações de anti-semitismo levadas a cabo "seja em que tempo for e seja por quem for" (NA 4). Contudo, o Concílio não associa um pedido de perdão aos factos citados.

Do ponto de vista teológico, o Vaticano II distingue entre a indefectível fidelidade da Igreja e as fraquezas dos seus membros, clérigos ou leigos, ontem como hoje (GS 43 §6), e, portanto, entre ela, Esposa de Cristo "sem mancha nem ruga […] santa e imaculada" (cf. Ef 5,27), e os seus filhos, pecadores redimidos, chamados à permanente metanoia, à renovação no Espírito Santo. "A Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação" (LG 8).7

O Concílio elaborou, ainda, alguns critérios de discernimento relativamente à culpabilidade ou à responsabilidade dos vivos pelos erros passados. De facto, mencionou, em dois contextos diferentes, a não imputabilidade aos contemporâneos dos erros cometidos no passado por membros da sua comunidade religiosa:

- "Tudo quanto foi perpretado na paixão (de Cristo), não pode ser imputado indistintamente a todos os judeus que então viviam, nem aos judeus do nosso tempo." (NA 4)

- "Comunidades não pequenas separaram-se da plena comunhão da Igreja católica, algumas não sem culpa dos homens de um e outro lado. Aqueles, porém, que agora nascem em tais comunidades e são instruídos na de Cristo, não podem ser acusados do pecado da separação, e a Igreja católica abraça-os com fraterna reverência e amor." (UR 3)

Ao primeiro Ano Santo celebrado depois do Concílio, em 1975, Paulo VI deu como tema "renovação e reconciliação",8 precisando, na exortação apostólica Paterna cum benevolentia, que a reconciliação deveria, antes de mais, realizar-se entre os fiéis da Igreja católica.9 Tal como, nas suas origens, o Ano Santo permanecia ocasião de conversão e reconciliação dos pecadores com Deus mediante a economia sacramental da Igreja.




7. Cf. UR 6: "A Igreja peregrinante é chamada por Cristo a esta contínua reforma de que ela própria, enquanto instituição humana e terrena, tem permanente necessidade."



8. Cf. PAULO VI, carta apostólica Apostolorum limina (23 de Maio de 1974), in: Enchiridion Vaticanum 5, 305.



9. PAULO VI, exortação Paterna cum benevolentia (8 de Dezembro de 1974), in: Enchiridion Vaticanum 5, 526-553.






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