Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Comissão Teológica Internacional
Memória e reconciliação

IntraText CT - Texto

  • 1. O PROBLEMA: ONTEM E HOJE
    • 1.3. Os pedidos de perdão de João Paulo II
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para desativar os links de concordâncias

1.3. Os pedidos de perdão de João Paulo II

João Paulo II não apenas renova o pesar pelas "dolorosas memórias" que marcam a história das divisões entre cristãos, como haviam feito Paulo VI e o concílio Vaticano II,10 mas estende também o pedido de perdão a uma multitude de factos históricos nos quais a Igreja enquanto instituição ou grupos particulares de cristãos estiveram implicados a diferentes títulos.11 Na carta apostólica Tertio millenio adveniente (cf. TMA 33-36), o Papa alegra-se que o Jubileu do Ano 2000 seja ocasião para uma purificação da memória da Igreja de "todas as formas de contratestemunho e de escândalo" que aconteceram ao longo do milénio passado (cf. TMA 33).

A Igreja é convidada a "assumir com maior consciência o peso do pecado dos seus filhos". Ela "reconhece sempre como próprios os filhos pecadores" e incita-os a "purificarem-se, pelo arrependimento, de erros, infidelidades, incoerências, retardamentos" (TMA 33). A responsabilidade dos cristãos nos males do nosso tempo é, de igual modo, evocada (cf. TMA 36), embora o acento seja colocado particularmente na solidariedade da Igreja de hoje com os erros passados, alguns dos quais são explicitamente mencionados, como a divisão entre os cristãos (cf. TMA 34), ou "os métodos de violência e intolerância" utilizados no passado para evangelizar (cf. TMA 35).

O próprio João Paulo II estimula o aprofundamento teológico acerca do peso dos erros do passado e sobre o eventual pedido de perdão aos contemporâneos12 quando, na exortação Reconciliatio et paenitentia, afirma que no sacramento da penitência "o pecador se encontraperante Deus com a sua culpa, o seu arrependimento e a sua confiança. Ninguém se pode arrepender em seu lugar ou pedir perdão em seu nome" (n. 31). O pecado é, pois, sempre pessoal, mesmo se fere toda a Igreja que, representada pelo sacerdote ministro da penitência, é mediadora sacramental da graça que reconcilia com Deus. Também as situações de "pecado social" - que se verificam no interior das comunidades humanas quando a justiça, a liberdade e a paz são lesadas - "são sempre fruto, acumulação e concentração de pecados pessoais". No momento em que a responsabilidade moral se diluísse em causas anónimas, não se poderia falar de pecado social senão por analogia (cf. RP 16). Daí resulta que a imputabilidade de uma culpa não possa ser estendida para lá do grupo de pessoas que nela consentiram voluntariamente, mediante acções ou omissões, ou por negligência.




10. Cf. encíclica Ut unum sint (25 de Maio de 1995) n. 88: "Por aquilo de que somos responsáveis, imploro perdão."



11. P. ex., o Papa "pede perdão, em nome de todos os católicos, pelos males causados aos não-católicos ao longo da história" junto dos morávios (cf. canonização de Jan Sarkander, na República Checa, em 21 de Maio de 1995). Desejou cumprir um "acto de expiação" e pedir perdão aos índios da América Latina e aos africanos deportados como escravos (Mensagem aos índios da América, S. Domingo, 13 de Outubro 1992; Discurso na audiência geral de 21 de Outubro de 1992). Dez anos antes havia já pedido perdão aos africanos pelo tráfico de negros (Discurso em Yaoundé, 13 de Agosto de 1985).



12. Este último aspecto é aflorado na TMA apenas no n. 33, quando se diz que a Igreja reconhece como seus os próprios filhos pecadores "perante Deus e perante os homens".






Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2007. Content in this page is licensed under a Creative Commons License