15. Podem reconduzir-se a esta
série, p. ex.: Dt 1,41 (a geração do deserto reconhece ter pecado, recusando
avançar para entrar na terra prometida); Jz 10,10.12 (no tempo dos juízes, o
povo por duas vezes disse "pecámos" contra o Senhor, referindo-se a
terem servido os ídolos); 1Sm 7,6 (o povo do tempo de Samuel afirma:
"Pecámos contra o Senhor!"); Nm 21,7 (este texto distingue-se porque
aqui o povo da geração moisaica admite que, ao lamentar-se da alimentação, se
tornou culpado de "pecado" porque falou contra o Senhor e também
contra o seu guia humano, Moisés); 1Sm 12,19 (os israelitas do tempo de Samuel
reconhecem que - pedindo para terem um rei - juntaram este a "todos os
seus pecados"); Esd 10,13 (o povo reconhece perante Esdras ter grandemente
"pecado nesta matéria" [casando com mulheres estrangeiras]); Sl
65,2-2; 90,8; 103,10 (107, 10-11.17; Is 59, 9-15; 64, 5-9; Jer 8, 14; 14,7; Lam
1,14,18a.22 ("Eu" = personificação de Jerusalém); 3, 42 (4, 13); Bar
4, 12-13 (Sião evoca as culpas dos seus filhos que levaram à sua ruína); Ez
33,10; Miq 7,9 ("Eu").18-19.
16. P. ex.: Ex 9,27 (o faraó diz a
Moisés e a Aarão: "Desta vez pequei; o Senhor é o justo, e eu e o meu povo
somos os culpados"); 34,9 (Moisés diz: "Perdoa a nossa iniquidade e
os nossos pecados"); Lv 16,21 (o Sumo Sacerdote confessa os pecados sobre
a cabeça do "bode expiatório" no dia da expiação); Ex 32,11-13 (cf.
Dt 9,26-29: Moisés); 32,31 (Moisés); 1Rs 8,33ss (cf. 2Cro 6,22ss: Salomão reza
para que Deus perdoe eventuais futuros pecados do povo); 2Cro 28,13 (os chefes
dos israelitas afirmam: "A nossa culpa é já grande"); Esd 10,2
(Checarias diz a Esdras: " Pecámos contra o nosso Deus, tomando por
esposas mulheres estrangeiras"); Ne 1,5-11 (Neemias confessa os pecados
cometidos pelo povo de Israel, por si mesmo e pela casa de seu pai); Est 4,17
(Ester confessa: "E agora porque pecámos na Tua presença, entregaste-nos
nas mãos dos nossos inimigos, por termos adorado os seus deuses"); 2Mac
7,18.32 (os mártires judeus afirmam que sofrem por causa dos "nossos
pecados" contra Deus).
17. Entre os exemplos deste tipo
de confissões nacionais, remete-se para 2Rs 22,13 (cf. 2Cro 34,21: Josias teme
a cólera do Senhor "porque os nossos pais não observaram a palavra do
Senhor nem cumpriram tudo o que está escrito neste livro"); 2Cro 29,6-7
(Ezequias afirma: "Os nossos pais foram infiéis"); Sl 78, 8ss (um
"Eu" assume os pecados das gerações passadas, a partir do Êxodo). Cf.
o ditado popular citado em Jer 31,29 e Ez 18,2: "Os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos é que ficaram embotados.").
18. É o caso de textos como os
seguintes: Lv 26,40 (os exilados são chamados a "confessar a sua
iniquidade e a iniquidade de seus pais"); Esd 9,5b-15 (oração penitencial
de Esdras, v. 7: "Desde o tempo de nossos pais até ao dia de hoje, temos
sido gravemente culpados"; cf. Ne 9,6-37); Tb 3,1-5 (na sua oração, Tobite
invoca: "Não me castigues por causa dos meus pecados e dos meus erros, nem
pelos dos meus pais" [v. 3], e prossegue com a constatação: "não
observámos os teus mandamentos" [v. 5]); Sl 79,8-9 (esta lamentação
colectiva implora a Deus "não recordes contra nós as faltas dos nossos
antepassados […] salva-nos e perdoa os nossos pecados"); Sl 106,6
("pecámos como os nossos pais"); Jer 3,25 ("… pecámos contra o
Senhor nosso Deus […] nós e nossos pais"); Jer 14,19-22 ("conhecemos
a nossa culpa e a iniquidade de nossos pais", v. 20); Lam 5 ("Pecaram
os nossos pais, mas já morreram", v. 7; "desgraçados de nós porque
pecámos", v. 16b); Bar 1,15-3,18 ("ofendemos o Senhor" [1,17;
cf. 1,19.21; 2,5.24]; "não recordar a iniquidade dos nossos pais"
[3,5; cf. 2,33; 3,4.7]; Dn 3,26-45 (a oração de Azarias: "é por efeito dum
juízo equitativo que nos infligiste tudo isto, por causa dos nossos
pecados", v. 28); Dn 9,4-19 ("pois é por causa dos nossos crimes e
dos pecados de nossos pais que Jerusalém […] está exposta aos insultos
[…]", v. 16).
19. Incluem falta de confiança em
Deus (assim, p. ex., Dt 1,41; Nm 14,10), idolatria (Jz 10,10-15), pedido para
se ter um rei humano (1Sm 12,9), casamentos com mulheres estrangeiras, em
oposição à lei divina (Esd 9-10). Em Is 59,13b, o povo diz: "Não temos
falado senão de opressão e revolta, urdimos dentro de nós palavras
mentirosas."
20. Cf. o caso análogo do repúdio
das mulheres estrangeiras por parte dos judeus, narrado em Esd 9-10, com todas
as consequências negativas que teve sobre as mulheres implicadas. A questão de
um pedido de perdão dirigido a elas (e/ou aos seus descendentes) não se coloca
propriamente, dado que o repúdio é apresentado como uma exigência da lei divina
(cf. Dt 7,3) em todos estes capítulos.
21. Recorde-se, a este propósito,
o caso das relações sempre tensas entre Israel e Edom. Este povo - apesar da
sua condição de "irmão" de Israel - participou na queda de Jerusalém
levada a cabo pelos babilónios e regozijou-se com ela (cf. p. ex., Abd 10-14).
Israel, ultrajado por esta traição, não sentiu qualquer necessidade de pedir
perdão pelo morticínio de prisioneiros edomitas indefesos, perpetrado pelo rei
Amacias, segundo 2Cro 25,12.
22. JOÃO PAULO II, Discorso
del 1 Settembre 1999, in: L'Osservatore Romano (2 Settembre 1999) 4.
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