3.2. Santidade da Igreja
A Igreja é santa porque, santificada por
Cristo que a obteve entregando-se à morte por ela, é mantida na santidade pelo
Espírito Santo que a penetra incessantemente: "Nós cremos que a Igreja é
indefectivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é com o Pai e o
Espírito 'o único Santo', amou a Igreja como esposa, entregou-se por ela, para
a santificar (cf. Hb 5,25-26), e uniu-a a si como seu corpo, cumulando-a com o
dom do Espírito Santo, para glória de Deus. Por isso, todos na Igreja são
chamados à santidade." (LG 39) Neste sentido, desde as origens os membros
da Igreja são chamados os "santos" (cf. Act 9,13; 1Co 6,1s; 16,1).
Pode-se distinguir, contudo, a santidade da Igreja da santidade na Igreja.
A primeira - fundada na missão do Filho e do Espírito - garante a continuidade
da missão do povo de Deus até ao fim dos tempos e estimula e ajuda os crentes a
perseguir a santidade subjectiva e pessoal. Na vocação que cada um recebe está,
ao invés, radicada a forma de santidade que lhe foi dada e que dele se exige,
enquanto pleno cumprimento da própria vocação e missão. A santidade pessoal é
em todo o caso projectada para Deus e para os outros e, por isso, tem um
carácter essencialmente social: é santidade "na Igreja", orientada ao
bem de todos.
À santidade da Igreja deve, assim,
corresponder a santidade na Igreja: "Os seguidores de Cristo,
chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio
mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo Baptismo da fé,
verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente
santos. É necessário, portanto, que com o auxílio divino conservem e
aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade recebida." (LG 40) O baptizado é
chamado a tornar-se, em toda a sua existência, aquele em que se transformou por
força da consagração baptismal: e isso não acontece sem o assentimento da sua
liberdade e a ajuda da Graça que vem de Deus. Quando isso acontece, a
humanidade nova segundo Deus deixa-se reconhecer na história: ninguém se torna
tão plenamente ele mesmo quanto o santo que acolhe o plano divino e, com a
ajuda da graça, conforma todo o seu próprio ser ao projecto do Altíssimo! Neste
sentido, os santos como luzes suscitadas pelo Senhor no meio da sua Igreja para
a iluminar, são profecia para o mundo inteiro.
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